Milton H. Greene, o melhor amigo de Marilyn

O fotógrafo Milton Greene é a segunda figura mais falada no nosso Centro: isto porque a primeira é Marilyn Monroe, sua musa de sempre e protagonista das imagens que recebemos agora na nossa exposição fotográfica, “Marilyn Unseen by Milton H. Greene”.

Amigos, colegas, cúmplices, empreendedores e sonhadores. Milton H. Greene e Marilyn Monroe ficaram para sempre associados um ao outro pela intimidade que demonstravam ter e que se reflectia sobretudo nas centenas de fotografias que fizeram juntos.

Apesar de Milton ter fotografado centenas de grandes celebridades – como Audrey Hepburn, Elizabeth Taylor, Sophia Loren ou Grace Kelly, entre tantas outras -, foi o trabalho que desenvolveu com Marilyn que o catapultou para o sucesso. As fotografias que lhe tirou eternizam a beleza da musa do cinema mas mostram também o seu lado mais cândido, mais humano. Mas quem é, afinal, o homem por detrás da lente, capaz de despir – em sentido literal e figurado – uma das mulheres mais icónicas do século XX?

Milton Greengold cresceu em Nova Iorque, nos anos 20, no seio de uma família judaica. Apaixonado por fotografia, começou a fotografar sozinho com apenas 14 anos e, contra todas as expectativas, decidiu tornar-se “apenas” fotógrafo.

Carismático e ágil, enveredou pelo meio do espetáculo ainda durante a adolescência e aos 23 anos já era conhecido em Hollywood como o “Color Photography’s Wonder Boy” (rapaz maravilha da fotografia a cores). A originalidade de Greene e a facilidade com que trabalhava a cor – novidade na época – projetaram o seu nome e tornaram-no um dos mais requisitados fotógrafos de modelos, atores e celebridades.

Marilyn surge na vida de um Greene já estabelecido, no auge da sua carreira; Monroe estava prestes a atingir o auge da sua, já com muitos e bons trabalhos mas ainda sem estar enturmada no círculo mediático de Los Angeles. A atriz, na altura com 27 anos, cruzou-se com Greene, pouco mais velho, durante uma produção para a revista “Look”. Quando Milton entrou no estúdio, com o ar de rapazinho que o caracterizava, Marilyn disse “Mas tu és um miúdo!” e ele respondeu-lhe “E tu uma miúda. Vamos trabalhar!”. Assim surgiu uma amizade singular.

Juntos fizeram dezenas de sessões fotográficas, com estéticas e conceitos muito distintos: Marilyn ia de glamorosa a insegura, de sensual a infantil, de elegante a naturalmente bonita – de Marilyn Monroe a Norma Jean. Muitas destas fotografias resultam de momentos mundanos, de férias no campo e tardes passadas em casa; tantas outras de brincadeiras que Milton e Marilyn faziam com roupas e adereços durante rodagens de filmes, roubados para as personagens que Marilyn interpretava nas fotografias. Faziam destas sessões momentos de diversão, celebravam a originalidade e tinham tanta confiança um no outro que não tinham medo de ousar. “Eles eram muito chegados e adoravam fazer fotografia juntos. Quando ela viu os primeiros retratos que ele fez dela, alinhou a 100 por cento”, contou-nos o filho do fotógrafo.

Chegaram a viver juntos. Durante quatro anos, Marilyn refugiou-se na casa dos Greene, longe das luzes de Hollywood, para se afastar da indústria que tanto a destabilizava; fez do casal Greene e do seu filho, Joshua, o seu porto de abrigo, longe do mediatismo e mais perto da natureza. Acabou por regressar a Los Angeles mas nos seus termos, pela mão de Milton, com quem fundou a Marilyn Monroe Productions. A produtora foi criada para reposicionar a atriz, permitindo-lhe afastar-se das suas personagens estereotipadas e conquistar uma posição com a qual se identificasse mais. Através desta empresa, Marilyn e Milton chegaram produzir os filmes “Bus Stop” e “The Prince and the Showgirl”. Mas rapidamente o plano caiu por terra.

Os ciúmes de Arthur Miler, com quem Marilyn se casou entretanto, puseram um fim à relação que tinha tanto com Greene como com a sua mulher, Amy Franco – melhor amiga de Marilyn por esta altura. O contacto entre eles foi sendo cada vez mais esporádico e os Greene assistiram de longe à queda da estrela. Foram cinco anos de um casamento que a isolava seguido de um outro, o seu último, de espiral decrescente a um ritmo vertiginoso.

Milton Greene e Amy Franco nunca reataram amizade com Marilyn Monroe, que chegou ao fim da vida muito sozinha. Depois do trágico final da atriz, o casal seguiu com a sua vida, passada sempre lado a lado, mas nunca esqueceu a “vela ao vento”, como lhe chamou Elton John. Sentiram que aquilo que fizeram por ela acabou por não ser suficiente, ou melhor, por não ser o milagre que era necessário.

Ficaram as histórias. Em cada fotografia tirada por Greene, uma diferente. Um momento eternizado pela lente do amigo e confidente, que captava nos seus retratos não só a beleza mas o espírito, o humor e a fragilidade da pessoa por detrás do ícone que era Monroe.

Venha conhecer o mundo de Marilyn Monroe pela lente de Milton Greene e toda esta cumplicidade, na exposição “Marilyn Unseen by Milton H. Greene”, patente no nosso Centro até ao dia 26 de novembro. A entrada é livre.