Mário Laginha: “Há pessoas que nunca ouviram um concerto de jazz e podem descobrir que gostam”

Juntamente com o baterista Alexandre Frazão e o contrabaixista Bernardo Moreira, o pianista forma o Mário Laginha Trio. O colectivo esteve no CascaiShopping para um concerto único.

A tarde foi de ensaios. Piano, contrabaixo e bateria para afinar e som para testar. Passos obrigatórios antes de qualquer concerto, para o trio composto por Mário Laginha, Bernardo Moreira e Alexandre Frazão. Mas nesta tarde os desafios são maiores, ou não fosse o palco para este concerto o Cascais Kitchen. Foi aqui, num recanto intimista, entre dois espaços de restauração e a sua característica azáfama, que o Mário Laginha Trio se apresentou às largas dezenas de pessoas que não perderam esta oportunidade. Uma experiência que Mário Laginha descreve como desafiante: “Assusta-me um bocadinho tocar aqui. À partida as pessoas deslocam-se a um centro com tarefas programadas, como ir ao supermercado ou comprar roupa. Eu também o faço. Mas por isto não têm tempo de estar um concerto inteiro. E eu gosto da ideia de viagem da primeira à última música. Em contrapartida, há pessoas que nunca ouviram um concerto de jazz e aqui podem descobrir que gostam. Nestas situações as pessoas desmistificam os seus mitos. E eu nao me importo de fazer parte dessa tentativa de desmistificação”.

Os três músicos cruzaram-se pela primeira vez há cerca de 30 anos. Um casamento feliz que se baseia em admiração, cumplicidade, amizade e, claro, um gigante amor pela música. “Estamos juntos, até já assusta, há 30 anos, quando gravei um álbum em quinteto e eles fizeram parte desse grupo. Como trio existimos há quase 20 anos. O segredo do sucesso desta união? Gostamos do que fazemos, admiramo-nos e gostamos uns dos outros. E o trabalho é estimulante e desafiante. Não há razão para acabar”.

Depois de dois álbuns, o trio começa a preparar o próximo trabalho em conjunto, que será gravado até ao final do ano. Aliás, durante este concerto no CascaiShopping foram já apresentados temas que farão parte desse novo álbum, mais uma vez escrito pelo próprio Mário Laginha. “Quando escrevo música não escrevo só a pensar nos instrumentos mas a pensar nas pessoas que os tocam. Neste caso escrevo sempre para este grupo e acho que a nossa música não poderia ser melhor tocada do que é por nós os três”.

Se esteve presente temos a certeza que vai gostar de recordar; se não esteve aproveite a oportunidade e veja aqui um pouco do espetáculo e uma entrevista com o pianista.

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