Filipe Jervis: “se o mar estiver épico, saio de casa às 5 da manhã e só volto à noite”
“O surf é a minha vida, é aquilo que me faz acordar todos os dias de manhã. Ajuda-me a limpar a cabeça dos problemas e faz-me sentir ainda melhor nos dias bons”, resumidamente, é assim que Filipe Jervis descreve o surf:
“Todas as pessoas deviam experimentar pelo menos uma vez na vida para verem o incrível que é este desporto”
“A ligação com o mar é indescritível”, acrescenta, “aconselho a todos”.
Para comemorar o dia do Surf e do Skate, que se celebra a 21 de junho, fomos conhecer melhor este surfista de 25 anos e a sua ligação com a Ericeira Surf & Skate.
Segundo descreve no seu site, o que mais deseja na tua vida é fazer algo relacionado com o surf. Há quanto tempo o pratica? E quando é que passou a dedicar-se inteiramente a esta modalidade?
Comecei a surfar no Verão de 2000, por isso tinha 9 anos. Comecei por fazer um curso de Surf com o meu primo, na ESLA (Escola de Surf do Litoral Alentejano), não fazendo mais esse ano. Voltei a meter-me em pé numa prancha no verão seguinte e desde aí não parei. Tinha casa no Alentejo e todos os fins-de-semana, eu e a minha família íamos até São Torpes para surfar. Cerca de 4 anos depois fiz um meu primeiro campeonato e uns anos mais tarde decidi dedicar-me a 100% ao surf e tentar fazer uma carreira deste desporto.
Alguém influenciou o seu gosto pelo surf? Porque decidiu começar?
É curioso porque eu sempre vivi em Cascais, muito perto da praia do Guincho e nunca tive qualquer ligação com o surf, por isso não creio que tenha algo que impulsionasse o meu interesse pelo surf. Decidi começar porque estava no Alentejo com os meus pais e um dia a minha mãe disse me que o meu primo ia fazer um curso de surf em São Torpes e se eu queria fazer também, depois de alguma hesitação, aceitei.
Mesmo sem ser em altura de competições, o surf deve estar muito presente no seu quotidiano. Como é o dia-a-dia normal para um surfista?
O meu dia é bastante tranquilo. Depende também das condições do mar, porque se tiver épico, é sair de casa as 5 da manhã e só chegar a casa de noite. Mas normalmente, acordo por volta das 8, vou treinar com o meu treinador Rodrigo Sousa, para melhorar aspectos técnicos, vou almoçar a algum lado com os meus amigos do surf, volto a ir surfar da parte da tarde, e ao fim do dia, acabo a jogar futebol entre amigos. Janto e, ou vou tomar um café ou vou até ao cinema com a minha namorada.
Em que praias costuma surfar? Tem uma preferida?
A praia que tenho mais perto é a do Guincho. Só vou a outra praia se as condições no Guincho não estiverem boas. Costumo fazer bastantes quilómetros para ir surfar. No dia-a-dia, entre a Costa da Caparica e Peniche, e em condições especiais, até à Nazaré ou Algarve.
O Surf trouxe-lhe alguns projetos, como o seu blog pessoal. Porque decidiu criá-lo? Podemos descreve-lo como um espaço onde partilha o seu surf?
Essencialmente gosto de escrever. Com o passar dos anos, aprendi a interessar-me por tudo o que se passa no mundo, e tornei-me uma pessoa com uma opinião. E o blog serve exactamente para isso, para partilhar a minha opinião. Seja sobre o surf, futebol ou até problemas do mundo, gosto de falar de um bocadinho de tudo.
Além deste, tem outros projetos relacionados com o surf?
Há três anos atrás decidi criar um conceito novo em Portugal: o evento online, Jervis & Vagabonds, onde os surfistas, através de filmagens, demonstram quem é o melhor free surfer em Portugal. Nos últimos dois anos consegui o apoio do Turismo da Républica Dominicana e da Tailandia, o que me permitiu fazer as finais nestes dois destinos. Foram duas experiências incríveis! Se tudo correr bem, este ano vou ter mais dois projectos extraordinários. Sem poder dar grandes informações, um deles vai ser um projecto de video, e o outro, um evento de praia.
“Adoro a maneira como os skaters vivem a vida e como se apoiam uns aos outros”
Além do surf, sabemos que o skate também é uma modalidade que lhe interessa. Como vê este outro mundo? É uma alternativa ao surf?
O skate é incrível. Há um nível de camaradagem e desportivismo que o surf está muito longe de ter. Adoro a maneira como os skaters vivem a vida e como se apoiam uns aos outros apesar de terem condições financeiras muito mais difíceis que os surfistas.
Outro desporto que pratico é o futebol. Sempre adorei futebol, alias, antes de ser surfista tive na duvida em ser futebolista, e recentemente voltei a ganhar uma paixão pelo futebol e tenho acompanhado todos os jogos de todas as ligas. Apesar do risco de lesões, é um óptimo desporto complementar, porque trabalha muito as pernas e o cardio. Sinto-me mais em forma do que nunca.
Relativamente à Ericeira Surf & Skate, há quanto tempo representa a marca?
Represento a Ericeira há cerca de 8 anos. Foram e continuam a ser o grande motivo da minha existência. Comecei do zero e hoje em dia tenho muitos amigos na empresa e tenho a minha própria linha de roupa à venda nas lojas. Apoiamo-nos mutuamente e tentamos puxar um pelo outro. Não podia estar mais feliz com a parceria que tenho com eles e espero honestamente que esta parceria se mantenha por muitos mais anos.
É importante para os surfistas manterem parcerias deste género?
Claro que sim. Não ha melhor sinal que estar numa empresa ha mais de 5 anos para provar que o nosso trabalho está a ser bem feito. Eu acredito nas parcerias a longo prazo e que não há nada melhor do que nos sentimos “em casa” com uma marca.
Como descreve esta marca?
A Ericeira Surf & Skate revolucionou o mercado de surf. São a melhor e mais forte loja de surf em Portugal, e tenho a certeza que vão continuar a dominar o mercado. Eu ja não a vejo como uma marca, ao fim de tantos anos envolvido com eles, ja vejo a Ericeira Surf & Skate como a minha segunda família e um sitio onde posso apresentar todas as minhas ideias malucas, que eles vão lá estar para me apoiar.