Novidades • A Vida e a Mortes dos Nossos Bancos
As minhas Super Mulheres
— Já não se fazem mulheres como antigamente.
— Já não se fazem homens como antigamente.
— No meu tempo é que era.
— Na quarta classe eu tinha de saber mais coisas do que os miúdos hoje quando chegam ao nono ano.
A nossa vida está cheia de clichés que raramente teimamos em rebater, e que vamos ouvindo, processando e interiorizando como verdades absolutas sem muitas vezes nos preocuparmos em perceber se o são realmente. O das supermulheres de antigamente é um deles.
A minha história é a de duas avós que ficaram em casa a cuidar dos filhos, da logística da vida da família, enquanto os maridos iam trabalhar para sustentar a famílias.
Embora ainda não estejamos numa situação ideal, longe disso, a condição da mulher evoluiu, e muito, desde os tempos das nossas avós. A minha história é a de duas avós que ficaram em casa a cuidar dos filhos, da logística da vida da família, enquanto os maridos iam trabalhar para sustentar a famílias. Hoje, é muito difícil encontrar realidades destas, sobretudo se olharmos para as classes menos favorecidas, ou para a classe média.
Homem e mulher têm, hoje, de ser tudo: a mãe tem de ser pai, o pai tem de ser mãe, os dois têm de partilhar tarefas domésticas, cuidar da criançada, da casa, trabalhar muitas vezes até tarde. Não há propriamente uma solução imediata para que as coisas sejam diferentes.
A minha mãe e a minha mulher já tiveram de ser super mulheres dos dias modernos. Aos 21 anos, a minha mãe já tinha dois filhos, trabalhava como professora e foi obrigada a mudar de vida, de País, de Continente. Teve de começar do zero, numa realidade que lhe era totalmente estranha. Foi, durante mais de 30 anos, a Super Mulher da família. Hoje, mesmo reformada, não perdeu quase todos os hábitos de trabalho e não me lembro de a ver muitas vezes desocupada em casa, ou sentada num sofá a ler ou simplesmente a descansar. Há sempre mais qualquer coisa para fazer.
A minha mulher é a Super Mulher da geração seguinte, daquela que arrisca e não se prende a um trabalho das 9 às 5
A minha mulher é a Super Mulher da geração seguinte, daquela que arrisca e não se prende a um trabalho das 9 às 5, que vai à luta atrás daquilo em que acredita. Tem as prioridades orientadas para o trabalho e a família, quando há uns anos as mulheres vivam a logística familiar, e não a tinham como uma parte da sua vida.
Hoje, estamos rodeados de Super Mulheres, que têm como principais características o facto de não se considerarem nada super, de perceberem as suas fragilidades e defeitos, de quererem sempre mais, de irem à luta a cada momento, não pela família, não pelas coisas Dzque têm de ser feitasdz, mas porque é assim que se sentem completas. E é esse o caminho para a realização pessoal, profissional e familiar.
Publicação
28 Outubro 2016